Linha

I

Tem um coisa que eu quero contar,
Que eu não sei bem como é que eu vou dizer.
Só peço que tenha um pouco de paciência comigo.
Porque se eu tiver que ficar dando voltas,
Indo e vindo, parando e voltando
até que eu consiga completar a ideia
E te contar o que vem na minha cabeça.

Porque essa coisa também fica dando voltas,
indo e vindo, parando e voltando
Sem a ideia nunca se completar.
Mas eu te peço paciência porque
Eu quero muito te contar.

Pense num círculo…
Pense numa coisa infinita…
Pense em alguma coisa que não tem começo,
Mas que também nunca termina.

Pense num trem!
Não, pense numa linha de trem!
Uma linha bem descrita
Que parece infinita,
A linha que vai é a mesma linha que vem.
Uma linha sem direção
Uma linha que passa por todo lugar
Mas não leva a lugar nenhum
Não existe estação
O trem apita e não avisa
A linha não existe, mas permanece infinita
Meu coração palpita
Parece que meu cérebro frita
Como se fosse a linha
Da minha própria mão
Que pula de uma pra outra
Sem destino, sem parada e sem estação.

Peço um pouco mais de paciência
Porque eu sei que esse negócio de linha
Não leva a lugar nenhum

Então faz assim:
Imagine uma fita
Mas uma fita que também é infinita
E apesar de infinita,
Tanto pra frente quanto pra trás
Assim como era a linha,
Essa fita agora tem uma borda,
Uma borda que de alguma forma
Limita a fita em alguma direção!
Agora imagine essa fita
Envolvida na palma da mão
Várias e várias voltas
Até que não se veja mais
Nenhuma das linhas da mão
Mas como a fita é infinita
Faltaria mãos para envolver essa fita
E mesmo que você me desse a tua mão
Não haveria mão pra tanta fita.

Um comentário em “Linha

Deixe um comentário